Brasil e Israel em Setembro de 2022
Em setembro deste ano, um acordo entre Brasil e Israel foi aprovado pelo Plenário do Senado. O acordo, assinado em 2019, foi finalmente firmado entre os países e visa a cooperação nas áreas de ciência e tecnologia.
Com a relatoria do senador Esperidião Amin (PP-SC), a proposta diplomática se tornará realidade e beneficiará as sociedades brasileiras e israelenses por meio do desenvolvimento da ciência e tecnologia. Após o voto favorável do Senado, a Comissão de Relações Exteriores (CRE) aprovou o acordo que irá facilitar os eventos científicos.
Os programas de pesquisa em conjunto com o Brasil e Israel também serão beneficiados. Tais como o incentivo à participação em conferências e seminários, a organização de programas científicos e tecnológicos e a realização de pesquisas científicas e tecnológicas.
Para o acordo ser colocado em prática, será criado um Comitê Diretor para a Cooperação em C&T com autoridades do Brasil e de Israel. Com a proposta aprovada, as relações diplomáticas entre os dois países seguem exitosas e ainda sugerem uma relação internacional de caráter horizontal, já que ambos serão beneficiados.
As atividades do Comitê responsável pela fiscalização da efetividade do acordo internacional acompanharão cada processo envolvido no texto aprovado por meio de reuniões presenciais ou virtuais realizadas com regularidade. Nas reuniões, a equipe do comitê pretende planejar as ações, indicar as ações prioritárias que necessitam de cooperação, além de monitorar e avaliar as ações realizadas pelos países.
Além do desenvolvimento de ciência e tecnologia, o acordo prevê a entrada de estrangeiros sendo facilitadas por medidas financeiras, como o direito aduaneiro (comércio exterior) e a isenção de impostos. Estas medidas serão percebidas pela entrada facilitada de estrangeiros, materiais e equipamentos importados tanto no Brasil, como em Israel.
Pesquisadores se reúnem em evento acadêmico para discutir a relação entre o Brasil e Israel
Em janeiro de 2016, pesquisadores israelenses e brasileiros reuniram-se em um seminário na Universidade Hebraica de Jerusalém (HUJ). No IV Simpósio Internacional sobre o Brasil, o Seminário “Brasil e Israel: Desafios sociais e culturais” convidou autoridades públicas dos dois países, tais como Jean Wyllys (PSOL-RJ), o professor Michel Gherman (FGV), o palestrante Uriel Abulof (Universidade TelAviv), James N.
Green (HUJ), dentre outros convidados. No evento, os convidados já debatiam as possibilidades de trabalhos acadêmicos e pesquisas científicas em cooperação entre os dois países. Diversidade cultural e inclusão social foram os temas discutidos para o desenvolvimento das pesquisas.
Dois anos antes da realização do seminário, a Universidade Hebraica de Jerusalém, inclusive com os mesmos realizadores do evento de 2016, realizou um evento junto ao Instituto Vladimir Herzog para debater a ditadura imposta no país na década de 60.
O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) foi criticado por grupos de esquerda israelenses e palestinos, que apoiam a política de boicote, desinvestimento e sanções contra o Estado de Israel, por ter participado do evento em 2014 e também por ter aceitado o convite em participar do seminário em 2016.
O procurador regional da República, Marlon Weichert, e o secretário executivo do Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos, Paulo Abrão, se manifestaram contra os ataques sofridos pelo deputado federal.
Câmara dos Deputados deu origem à parceria entre Brasil e Israel
Segundo informações oficiais, a cooperação entre Brasil e Israel no que diz respeito à ciência e tecnologia teve seu início na Câmara dos Deputados. Com apenas 10 votos contra e 424 votos a favor, a aprovação do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 233/21 movimentou a proposta para um degrau acima.
O Senado Federal. André Janones, Túlio Gadelha, Tabata Amaral votaram a favor do projeto. Em contrapartida, alguns deputados como Orlando Silva, Paulo V. Caleffi e Glauber Braga votaram contra a proposta. Além disso, outros deputados como Gleisi Hoffmann, Alan Rick e Arthur Lira abasteceram-se do voto ao projeto.
De acordo com o deputado Marcel Van Hattem, a aprovação do acordo possibilita o avanço do Brasil nas questões em que Israel é considerado uma referência internacional, tais como a segurança cibernética e a tecnologia agrícola. Atualmente, Israel ocupa o 15º lugar no ranking mundial quando o assunto é inovação.
Na mesma posição de apoio, Kim Kataguiri (União-SP) não dispensa elogios ao projeto e aponta esse acordo como um exemplo da cooperação histórica entre os dois países. O deputado ainda afirma que o Brasil será beneficiado pela colaboração, já que Israel é um país reconhecido pela tecnologia avançada, mão de obra qualificada e alta quantidade de startups.
As contradições do acordo entre Brasil e Israel para as relações internacionais
De acordo com reportagem de Francisco Brandão, há uma diversidade de posicionamentos em relação aos acontecimentos internacionais que influenciaram os votos e, até mesmo, as abstenções de alguns parlamentares. Como veremos abaixo, as opiniões contraditórias em relação ao acordo ocorreram entre membros do partido e marcaram as entrelinhas da votação no projeto.
Vivi Reis, deputada federal pelo Pará, foi contrária ao acordo por conta do apartheid contra o povo palestino que ocorre em Israel. Dessa forma, a deputada afirma que através do voto contrário ao acordo, ela deseja posicionar o Brasil contra o crime segregatório que vem acontecendo em Israel, o qual foi denunciado pela Anistia Internacional.
Em oposição ao voto e justificativa da deputada do PSOL, Thiago Mitraud alega, de forma equivocada, que o PSOL não se posiciona contra os crimes contra os direitos humanos praticados em países com governos de esquerda e ainda afirma que o acordo será benéfico para o país.
Em entrevista, a deputada Erika Kokay aponta que votar a favor do acordo pode soar contraditório aos parlamentares, já que eles facilitam a relação internacional com um país acusado de segregar refugiados e ainda manter crianças privadas de liberdade, ou seja, manter um acordo com um país que, segundo denúncias, desrespeita os direitos humanos.
O acordo entre Brasil e Israel vale a pena para os brasileiros?
Do ponto de vista do desenvolvimento tecnológico e científico, existe uma série de vantagens ao Brasil em aprovar o acordo e efetivar as ações propostas. Israel está bem posicionado no ranking mundial em relação à inovação, ocupando a 15º posição.
Dessa forma, o país poderá crescer com o intercâmbio de conhecimento, pessoas e equipamentos. Entretanto, os governantes brasileiros precisarão ter jogo de cintura para manejar as suas relações internacionais, já que as suspeitas em relação à Israel podem afetar o relacionamento do Brasil com outros países.